No Maranhão, a corrida por duas vagas ao Senado Federal em 2026 já começou. E como toda boa novela da política, o enredo é cheio de traições mal disfarçadas, alianças descartáveis e personagens que ainda não entenderam que a fila andou.
Na prática, o cenário já tem uma vaga com “dono”: Weverton Rocha. Senador em fim de mandato, ainda é o nome mais forte no jogo. Goste-se ou não dele, é preciso admitir: tem densidade política, base consolidada, excelente trânsito com Lula e não vai sair de cena calado. Pode ter perdido o controle do Palácio dos Leões, mas ainda comanda uma trincheira considerável em Brasília.
A outra vaga, teoricamente “em aberto”, parece atrair mais gente do que vaga de estacionamento em dia de chuva. E aí entram André Fufuca e Pedro Lucas Fernandes — dois deputados federais com reeleições tranquilas que agora flertam com o risco de se queimarem na fogueira das vaidades majoritárias. Ambos participaram da eleição de Weverton em 2018. Agora, querem ser os algozes da sua continuidade. Política, como se sabe, é um esporte de alto risco e memória curta (as vezes).
Mas a pergunta que se impõe é clara: vale a pena trocar o certo pelo duvidoso? Fufuca é ministro, Pedro Lucas é líder de bancada. Vão abrir mão da estabilidade por um embate direto com um político experiente, com apadrinhamento federal, e que não será rifado tão facilmente? Em política, quem se antecipa demais acaba atropelado.
Enquanto isso, Eliziane Gama, coitada, vive um declínio constrangedor. A senadora evangélica, que já teve protagonismo e uma base sólida no segmento religioso, hoje mal figura em conversas sérias sobre qualquer disputa majoritária. Seu nome se desgastou tanto que, no bastidor, já se discute se conseguiria voltar como deputada estadual — e nem isso é consenso.
A entrada de Orleans Brandão, sobrinho do governador, como candidato ao governo com apoio do Palácio e da Federação União Progressista, é a cereja no bolo. Antonio Rueda, presidente da federação que une PP e União Brasil, veio a São Luís lançar oficialmente dois pré-candidatos ao Senado no mesmo evento. A senha foi dada: o grupo aparentemente quer isolar Weverton Rocha — mas não sabe ainda como tirá-lo do jogo sem implodir a própria base.
Lula orientou a base aliada no Maranhão a seguir unida, com Carlos Brandão como comandante do palanque estadual, e Weverton Rocha se alinhou sem rodeios, aliás, o governador já decidiu que não deixará o cargo, frustrando os planos do PT local de emplacar Felipe Camarão como sucessor natural. A vice será petista, sim, mas sob seu comando. E os aliados que esperem sentados.
A política no Maranhão parece novela: os personagens são os mesmos, mas as alianças mudam a cada capítulo. O que não muda é a disputa pelo poder — que nunca é apenas pelo cargo, mas pelos recursos, pela influência, pela sobrevivência.
Weverton não será carta fora do baralho. Fufuca e Pedro Lucas já decidiram que topam jogar xadrez contra quem sabe mover as peças, o que resta é aguardar se ambos seguirão com essa candidatura. Eliziane tenta voltar pro tabuleiro, mas sua peça parece estar sumindo da caixa.
A política é uma dança de cadeiras cruel: só há duas vagas no Senado. E já tem político demais querendo sentar ao mesmo tempo.
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